Rap
Todos os homens
São míseros farrapos
Diabos prostrados
Aos pés do diabo
Recolho a manha
Teço a escolha
Envolta em lenha
Queimo a vida
Na vinha serrenha
Colho a erva
E fumo um charro
Da pleura escolho
Um bronquíolo de barro
Na lama do charco
Embebo o cenho
Na selha da história
Vomito, babo e ranho
Na merda do casco
Mergulho e escarro
Marinheiros atasco
No tacho de cobre
Descubro o escroque
Maldigo a lebre
E abraço o verme
Na tristeza morta
Subo a escarpa
Acima, acima
Espeto a pique
Comprimo a estrada
Arrebento o dique
Jorra a água
No jogo da vida
Em atalhos de picos
Ouriços rastejam
No lume de tojos
Ateio a raiva
Espumo fradiques
Que metem nojo
Cuspo e disparo
Contra a rima
À espera da prosa
Do padre de cima
Ó deus da graça
Culpai as paixões
Bendizei as desgraças
Contra os pregões
Da sina o sino
Badala no jornal
Mariposando pinos
E trouxas d’avental
Na cozinha do cardeal
Como Abéis e Cains
Caís às resmas
Nas grosas das velas
Barcas vermelhas
Rosas belas
8 Jan. 97
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