Vejo um lençol quadriculado
Uma rede que se prende à gravidade
A tela que se enrola às grades da cama
A prisão que suspende a minha alma
Ao lado jazem umas botas de macho
Um par de couro em forma de pernas
Vazias do áspero corpo hirto
Obscenas de tanto magoar as pedras
Sobre mim pesa um inverno espesso
Incómoda atrofia de músculos e nervos
Horrenda represa do rio estagnado
Que se aquece na esperança que descansa
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Fev. 97