31 março 2013

Risos e lágrimas



Por vezes

não gosto de ser eu,

uma bússola sem eixo nem norte.

 

Tola e feliz

jamais serei francamente,

a maior alegria é efémero poente:

aparece brilhante,

mas logo escurece

e rebenta o dique.

 

Não quero marés de lágrimas e rio!

Rio na esperança de um dia rir seriamente,

rio sobrevoando as mais tristes pontes,

rio chorando os engenhos microcêntricos,

rio tudo antes de me esconder na torrente.

 

E choro lágrimas secas,

enquanto os amáveis surdos exultam

na mísera condição de loucos ridentes

de alegria amorosa e esquiva

aos pântanos tresloucados de amor.

 

Rio enlodada pra me esquecer dos lodos,

rio no centro do tempo que se esgota

_grito no estalo da inundação seca!

Encoberta por nuvens desfeitas em gargalhadas líquidas,

rio na esperança de torcer as águas

nos espelhos dos olhos das gentes

de risos maquinados na sombra da tristeza.

 

Não quero chorar e rio

à deriva num mar de alegrias

impregnadas de fel e grãos de esperança.

 

Pois, sem querer, ainda me encontro

na agonia das aves...

mas com elas sigo até Deus.

 

14 Fev. 97

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