Ó vida que nada vales
além da insignificância
do existir efémero de cada ser!
vida insípida
de organismos estéreis
transitoriamente organizados
vida ferida
de seres esventrados
pelas armas da tristeza
herança eterna
nos anais do infinito
passar sem ser
dolorosa marca
da ilusão de querer ficar
para sempre registado no tempo
triste figura
incompreendida pelas ervas
da mais breve primavera
expressão amargurada
que provoca dor
na fragilidade
angústia dos infelizes
animais brutais
surdez maligna
dos vírus eternos e transitórios
pobreza de olhos
que cegamente espreitam
e obedecem ao olho grande
Vida de merda,
perdida na máscara
enfiada nas vísceras do cérebro!
atrofia de células
que nunca chegam a desabrochar
independentes
mágoas sublimadas no nada,
oferta única das exigências absolutas
das vidas contínuas
Se a morte do nada
não chega sequer a nascer,
para que se reabre o ciclo da vida?!...
E no entanto... sempre
renascem infinitas margens
entre a morte e a vida.
Outubro de 96
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